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Católicos devem ou não ver The Chosen? Uma reflexão. Só uma reflexão. Sério mesmo: é só uma reflexão.

Atualizado: 20 de mar. de 2024



Certo dia li no site de notícias católica Agencia Sir, ligado à Conferência Episcopal Italiana, um artigo de Alessandro Di Medio. Ele escrevia o seguinte:


"em nossas terras, a "cultura católica" se cristalizou, pelo menos em suas expressões mais amplamente difundidas na mídia, como uma "cultura contra" (contra isto ou aquilo), em vez de ser uma "cultura a favor". Com razão, queremos combater o mal, mas esquecemos da exortação paulina para vencer "o mal com o bem" (cf. Rm 12, 21). Desejamos que nossos filhos não vejam certas coisas, mas não sabemos oferecer-lhes melhores alternativas para assistir."

Alessandro Di Medio refletia como há muito tempo os católicos italianos adotam uma postura pública alarmada e censora, que inevitavelmente se torna incapaz de produzir originalidade e beleza – apesar da audácia das gerações católicas do passado, que podiam orgulhar-se de ter afrescos de nudez nas catedrais e a Inquisição ao mesmo tempo!


Sempre se diz, continua Di Medio, que "quem critica não faz":


talvez seja hora de nós, católicos italianos, pararmos de criticar e, seguindo o exemplo de nossos irmãos do outro lado do oceano, começarmos a fazer, e a fazer bem, com cuidado, investindo recursos e atenção, sem pensar que, só porque algo é "da Igreja", podemos fazê-lo de qualquer jeito, ou "nas coxas", como dizemos.

Como Igreja e como cristãos individuais, instiga Di Medio, é necessário que os católicos de hoje precisem assumir novamente o fardo de estudar, de se tornarem competentes e provocativos, originais na expressão e inigualáveis na qualidade... como sempre foram, no fundo.



"Católico" já foi sinônimo de Divina Comédia, de arquitetura gótica e românica, da culinária dos mosteiros e de sagas épicas, de humor e lirismo, e, nisso tudo, um contributo significativo era dado pelo traço tipicamente italiano da nossa Igreja.

O que aconteceu com tudo isso, se pergunta Di Medio?


Essas reflexões de Alessandro referem-se à famosa série The Chosen, que já foi assistida por milhões de cristãos em todo o mundo, mas que teve pouca entrada na Itália.


As pessoas têm sede de transcendência: como mostra o sucesso de The Chosen, o homem de hoje quer definitivamente ouvir falar de Deus, de Cristo, de milagres e da ressurreição, e é tolo quem pensa o contrário; apenas, gostaria de ouvir sobre eles de maneira interessante. Estranho, né? Mas muitas vezes atribuímos a uma suposta aridez das novas gerações a culpa de sua distância do Evangelho, quando a pura e simples verdade é que somos chatos, porque temos medo de ousar novos caminhos, caminhos encarnados no hoje.

Bom, ao final, este articulista italiano convida os católicos a se reapropriarem do mundo colorido e empolgante da cultura e da comunicação.


Que nos ajude nisso o exemplo de Alguém que, para explicar as coisas de Deus ao povo de Deus e introduzir a novidade do Evangelho, ousou analogias até então impensáveis com fermento, ovelhas, pardais e lírios, e por isso deixou as multidões, há muito entediadas pelos "mestres", boquiabertas.


Algo, no entanto, me chama a atenção em nossa terra de Santa Cruz, cuja fé veio dos grandiosos missionários que inovaram de todas as formas possíveis para nos evangelizar. Até poucas décadas atrás as maiores construções do nosso país ainda eram católicas, por meio de grandes catedrais, grandes universidades.


Não há dúvida de que não somos a Itália e que o Brasil está, a largos passos, se tornando um país protestante. Não duvido que, em breve, grandes catedrais não sejam mais templos católicos se seguirmos nesse ritmo.


Mas, fica a pergunta: The Chosen é realmente uma série tão perigosa para os católicos brasileiros que, em si, na sua quase total maioria, sequer sabem onde ficam os evangelhos na Bíblia? A reflexão do italiano Alessandro Di Medio não poderia também servir para nós, católicos brasileiros ou estamos muito ocupados dividindo-nos por questões ideológicas e partidárias, disputas estas, por vezes, revestidas de religião?

 
 
 

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