Por que o mundo odeia a Igreja, mas não consegue ignorá-la?
- Thácio Siqueira
- há 6 dias
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Por Thácio Siqueira – Terapeuta Católico
A eleição de um Papa mobiliza o planeta. Câmeras são posicionadas, especialistas convocados, colunas opinativas se multiplicam, e a Praça de São Pedro se torna o centro do mundo. Mas há algo profundamente incoerente por trás de tudo isso.
Por que o mundo, que rejeita Jesus Cristo, a moral cristã, a Igreja e tudo o que ela representa, se importa tanto com a escolha do novo Papa? Por que não ignora simplesmente? Por que insiste em se envolver, opinar, manipular?
A resposta mais honesta é também a mais inquietante: porque o mundo não ignora a Igreja — ele a teme. E, por isso mesmo, deseja destruí-la ou instrumentalizá-la.
1. Um ódio antigo: “O mundo me odiou primeiro”
Jesus já havia advertido:
“Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou antes que a vós” (Jo 15,18).
Desde o início, a Igreja de Cristo foi perseguida. Não por ser politicamente perigosa, mas por ser espiritualmente insuportável para o espírito do mundo. Os mártires dos primeiros séculos não morreram por fanatismo, mas por fidelidade a uma Verdade que não se negocia. E é isso que o mundo moderno, secularizado, relativista e materialista não suporta: a existência de algo que transcende seus ídolos.
O mundo odeia a Igreja não porque ela seja fraca, mas porque ela sobreviveu a tudo o que deveria tê-la destruído: impérios, heresias, revoluções, cismas, escândalos internos, perseguições externas. Ela é o último bastião que resiste à total dissolução da ordem moral e espiritual.
2. Se não pode destruir, que se controle
Há séculos, as forças anticristãs tentam eliminar a Igreja. O Iluminismo tentou pela razão; o comunismo, pela força; a revolução sexual, pela libertinagem; a maçonaria, pela infiltração. E, diante do fracasso — parcial, mas visível — uma nova tática se fortaleceu: a instrumentalização.
Se não se pode apagar o sol, tenta-se colocá-lo a serviço das trevas.
O mundo quer um Papa que legitime suas causas. Um Papa que fale de ecologia, mas não de pecado; que abrace os pobres, mas silencie diante dos abortos; que fale de misericórdia, mas não de juízo. Quer uma Igreja que seja ONG, não Esposa de Cristo. E por isso tantos “especialistas” aparecem na mídia para sugerir como o Papa deve ser, o que deve fazer, o que deve mudar.
Não é um interesse legítimo. É uma tentativa de domesticação.
3. A Igreja não pode ser ignorada porque carrega um mistério
O mundo secular diz que a religião é irrelevante. Mas não consegue ignorá-la. Por quê?
Porque, no fundo, a Igreja Católica é o único lugar onde o mundo ainda encontra um eco do sagrado que ele próprio destruiu. Por mais que odeie os mandamentos, a liturgia, a moral e o magistério, o mundo reconhece — ainda que inconscientemente — que ali há algo eterno. E isso o incomoda.
A Igreja é a memória viva de que há uma Verdade que não passa. E, para um mundo que só acredita na mudança, no progresso, no fluido, essa permanência é um escândalo. Mas também um testemunho irresistível.
4. A imprensa e a tentação do falso profeta
Não é por acaso que, durante um conclave, muitos meios de comunicação se comportam como cabines eleitorais. Há campanhas, nomes “preferidos”, tentativas de prever (ou induzir) o rumo da Igreja. Mas por que essa obsessão?
Porque o mundo quer, a todo custo, criar um Papa à sua imagem e semelhança. Um falso profeta que, usando as vestes de Cristo, fale como o mundo, pense como o mundo, abençoe as obras do mundo. É a velha tentação do Anticristo: seduzir as almas pelo disfarce da luz.
Mas, quando um Papa se ergue contra a maré, quando reafirma a doutrina, quando resiste ao espírito do tempo — ele é odiado com fúria. Basta lembrar os ataques a Bento XVI. Ou as distorções constantes do que Francisco realmente diz.
O mundo quer a Igreja como vitrine — não como juíza. Como companhia — não como mãe. Como aliada — nunca como Esposa fiel do Cordeiro.
5. O paradoxo que revela a eternidade
É justamente esse paradoxo que revela a origem divina da Igreja. O mundo deveria ignorá-la. Mas não consegue. Porque, no fundo, sabe que ela é a única que sobrevive aos impérios. Sabe que ela é a única que ainda anuncia uma salvação que não depende de algoritmos, de partidos, de modas ou de ideologias.
O inferno pode uivar. As ideologias podem se aliar. Os inimigos podem se infiltrar. Mas, no final, permanece a promessa:
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).
Conclusão: o mundo odeia o que não pode substituir
A Igreja incomoda porque lembra o mundo de uma Verdade que ele tentou esquecer. E o Papa, quando verdadeiramente unido a Cristo, torna-se um sinal de contradição, como o próprio Jesus.
Por isso o mundo fala tanto do Papa. Porque precisa neutralizá-lo. Precisa convertê-lo em símbolo de sua própria agenda. Ou, ao menos, silenciá-lo. Mas ele é, por natureza, aquele que grita no meio da tempestade: “Não tenhais medo!”
E por mais que o mundo tente, a voz da Esposa do Cordeiro jamais será calada.
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